Eu
aqui de castigo, tudo por causa de uma conversa com minha mamãe que foi mais ou
menos assim:
-
Desta vez, mamãe será muito diferente! Sei que você, vai gostar muito do que eu
fiz!!!
-
Será Pedrinho? Lembra ontem você disse a mesma coisa! Viu no que deu né?
-
Tinha que lembrar, eu não falei que não foi culpa minha! A Tetê que é fraca e
chora por qualquer coisa. Eu não fiz nada!
-
Nada, não é Pedrinho. Você nunca faz nada, sempre é sua irmã. Você é sempre
vítima, um santo, só falta o altar!
-
Sim, mamãe, é isto mesmo, se ela não abrisse a boca a chorar, estaríamos
brincando até agora.
-
Você não acha que aquilo foi perigoso?
-
Ora mamãe, brincar de super herói, só tem graça, se for de verdade.
-
Mas, ela é sua irmã e só tem três anos, tem que tomar conta dela e não
pendurá-la na janela!
-
Mamãe, como salvarei a mocinha se ela não estiver em perigo!
-
Para Pedrinho! Até agora você está só enrolando. O que você fez desta vez? Qual
será a perícia agora?
Neste
momento pedi para ela fechar os olhos. Como eu queria que ela entendesse o que
quero ser quando crescer, porém, pelo jeito não será hoje. Penso muito nas
brincadeiras que meu papai fazia e agora ele é um carreteiro. Certa vez me
disse que ele descia uma alta ladeira com um carrinho de madeira feito à mão,
eu tentei, mas minha mamãe descobriu o que fiz com duas cadeiras da cozinha e
ai fiquei de castigo.
Meu papai
dizia que era muito gostoso, sentir o vento passando, a velocidade aumentava a
cada instante, os outros meninos gritavam, era muito divertido, o único
problema era a parada, não tinha freio. Quanta adrenalina, muita emoção a
vontade era de fazer tudo de novo, mesmo quando se machucava em algum barranco.
Como eu
gostaria que mamãe me entendesse, você me entende né? As muitas experiências
que tive em meus seis anos de vida foram para eu descobrir novas possibilidades e
principalmente para saber o que vou ser quando crescer. Igualzinho ao meu papai, ele
brincou até com pneu de carreta. Muitos amigos de meu pai, se ajuntavam, dá até
pra ver quando escuto as suas histórias, era uma grande competição, todos
queriam entrar dentro do pneu e descer a ladeira, olha até eu queria.
Mamãe
continuava na porta da sala com os olhos fechados, fui buscá-la no quintal, ela não esperava que eu fosse aprontar tão cedo, depois da surra de ontem, porém
pesquisador é pesquisador, tenho que saber qual será minha profissão.
- Mamãe, ficou
lindo! Maravilhoso! Me inspirei em você!
Só que agora
estou mais perto de saber o que serei quando crescer; ou serei um bancário,
pois estou sentado num banco pensando ou serei um grande descobridor!
Marcelo Bento Santana
Turma de Letras - 3º A
Um comentário:
Marcelo, vc escreve mto bem, acho que vc tem o dom! Amei a história, dava até pra ver a carinha de sapeca do menininho. Um show!
bjkas
Suse
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