PRIMEIRO DIA DE AULA - MISTÉRIOS


               Como toda criança o primeiro dia de aula é muito importante, mas antes de entrar neste assunto devemos pensar no dia anterior antes do início das aulas. Em meados de fevereiro de 1997, entraria na antiga segunda série e hoje segundo ano. A escola que eu estudava era a EE. Prof. Antônio Ricardo Pecchio, ela ficava perto, ou melhor, dentro de uma favela, uma das mais perigosas do município de Carapicuiba-SP. O caminho que eu percorria para chegar ao colégio passava pelas vielas da favela, dia de chuva era um desastre, pois não havia roupa e sapato que aguentasse o lamaçal que virava.  A ansiedade batia em meu peito só em saber que iria rever meus coleguinhas de turma do 2ºf, e de saber quem seria minha mais nova professora (o).
                O relógio estava programado para as 06h00min, porém eu já estava de pé antes mesmo do despertador tocar. Naquela manhã, minha mochila já estava pronta, meu uniforme posto, somente faltava tomar o café da manhã é esperar o David, meu primo e sua mãe que nos levara ao colégio. Nesta mesma manhã minha mãe estava sem acreditar na cena que via na cozinha, eu pronto para sair e sem preguiça de acordar. Então o café foi preparado por ela, e comi todinho com café e leite. Um soar de palmas bateu no portão de casa, então meu coração acelerava e minha mão suava, sai em disparada da mesa, passei pelo banheiro escovei os dentes, peguei minha mochila e fui para o portão. Abri e vi minha tia.
- Bom dia! Tia. E ai David? - Perguntei.
- Bom Dia! Estou bem vamos. – Meu primo como sempre chato não ligava para essas coisas.
- Até mais Maria! Respondeu minha tia.

Despedi da minha mãe e fui com eles, comecei a descer os morros e seguir o caminho já conhecido. No meio do caminho encontrava alguns amigos indo para o colégio. Cerca de 30min depois estávamos na porta da escola, me despedi com um beijo na minha tia e subi as escadas que levavam a portão principal de ferro e com desenhos infantis. Tinha orgulho da escola, pois ela era grande com 22 salas de aula e 10 salas no subsolo, havia também uma área enorme com gramado para bicarmos. Entrei e vi crianças correndo para todos os lados, eram tombos para tudo que é lado. No pátio, perto da estrutura onde segurava o telhado havia a foto do fundador do colégio pela qual tinha o mesmo nome. Diziam que a imagem era mal assombrada e que seus olhos viram para nos observar todos os alunos.

              O sinal tocou por duas vezes, fizemos fila e depois de estarmos todos organizados cantamos o hino nacional com a mão levada ao peito. Um tempo depois descemos para a sala de aula junto com a professora.
Agora me encontrava mais calmo pois a pior parte já havia passado a de entrar no colégio, os dois primeiros tempos de aula correm como normal, exceto pelo fato de minha professora nos colocar por ordem alfabética e usar uma régua enorme para bater na mesa quando não estávamos a comportar.

                A matéria não era difícil, mas o que eu esperava mesmo depois de tudo era o intervalo, pois era onde as salas ficavam todas vazias e assim eu poderia ir até a sala sem número, onde havia rumores de ser mal assombrada. Na realidade todo colégio era mal assombrado como diziam os alunos mais velhos. Tocou o sinal, copiei o que restava do quadro negro e saímos para o recreio, à professora trancou a sala e de relance ao subirmos as escadas vi a faxineira sair da sala. Cerca de uns 5 minutos voltei para o corredor e fui em direção a porta. As luzes pareciam piscar ao me aproximar, meu coração deparava, um frio tomava conta de mim, no entanto tinha que ir antes que o recreio terminasse. Lentamente fui chegando à porta, toquei na maçaneta e a virei, o ranger da porta me assustava.  Neste momento uma voz ecoou pelo corredor.

               - Ei, você pare! –Era a inspetora.



ELIELTON BARRETO
Turma de Letras - Manhã


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