O PARQUE




            Segundo Walter Benjamin, reviver nossas memórias é mergulhar na vida e torná-la viva novamente. Parece-me que a teoria fundiu-se a prática, quando comecei a relembrar a minha infância. Ano de 1968, plena ditadura militar no país.
Morávamos em Campinas, exatamente em um bairro distante do centro. O bairro era o Jardim São Marcos, divisa Santa Mônica, era cortado pela rodovia Dom Pedro. Na entrada encontrávamos à esquerda os Campos dos Amarais e a sua direita uma escola de química, atual ETECAP. Nessa mesma ocasião minha mãe informou que eu teria que ir para o parque e ficaria lá o dia todo, nunca tinha ficado fora de casa sem minha mãe.
            Levantamos cedo em direção ao centro de Campinas, chegamos a um lugar imenso, todo arborizado, com um enorme portão, um caminho todo de paralelepípedos, minha mãe despediu-se de mim, fiquei meio apreensivo, mas, logo fui tomado por um sentimento de expectativa. 
            Fomos conhecer o parquinho, um lugar maravilhoso e muito colorido: balanços, escorregador, gira-gira, brinquedos por toda parte. Em seguida fomos para uma sala com mesinhas e cadeiras, massinhas de modelar, tesouras, colas e papéis, naquele momento me senti Salvador Dalí.
Depois do almoço adentramos em imensa sala e lá assisti pela primeira vez “Dumbo”, o elefante, que por causa de suas orelhas enormes era chacoteado por todos os moradores do circo, aquela diferença nunca mais abandonou a minha memória.
O dia passou e eu não via a hora que minha mãe aparecesse para me levar embora, quando já estava no portão, olhei para trás e sentia que aquele lugar teria um significado muito especial na minha vida. Realmente o parque marcou profundamente o meu futuro.

 Cláudio Antônio Anselmo de Lima
Turma de Letras - Manhã

Imagem: http://maurilioferreiralima.com.br/2009/10/decisao-a-hora-de-escolher-e-escola-para-o-filho/


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