
Reuníamos com a vizinhança e passávamos o tempo, sob aquele céu estrelado e lindo, ouvindo nosso rouco sertanejo contando belas histórias sobre o sertão.
Por ordem do destino, certa manhã não pude sair para apanhar lenha com o meu pai, como fazíamos sempre, então ele foi só.
Esperávamos a lenha para o almoço, mas o velho poeta não chegava! Meu coração ficou apertado quando avistei um moleque da região correndo ao encontro da porteira do nosso rancho. Chamava-se Pedro.
Fui ao encontro dele para saber do que se tratava, mas antes de chegar ele deu a noticia à minha mãe, que estava lá fora. - Seu Severino foi chamado para morar lá no céu, disse o garoto. Nesse momento meu coração explodiu em dor. Disseram que aqueles que o encontraram caído na estrada, perto da fazenda dos Silva, fizeram de tudo para reanimá-lo, mas foi em vão. O velho Poeta não resistiu.
Desde então, fiquei de mal com Deus por ter levado o meu pai. Saí da escola e passei a cuidar de minha mãe e de meus dois irmãos mais novos. Vivi pra eles. Tornei-me um violeiro que assim como meu pai também fazia poesias e contava histórias. Ah,quantas saudades! Quando pego na viola, sinto-o pertinho de mim e ouço a voz rouca e calma dele recitando as poesias que hoje alegram todos ao meu redor.
5 comentários:
Bela e triste história. Mas muito bem escrita.
Parabéns!!
Abraços,
Sônia
essa história parece ser bem verídica , muito emocionante boa escrita parabéns.
Giseli, linda sua narrativa, apesar de muito triste. Mas, quanta verdade existe nestas poucas linhas.
Parabéns! Amei!
Bjkas
Suse
Gislei, parabéns pela escrita, como o personagem também convivi assim no campo quando você diz: Quando pego na viola, sinto-o pertinho de mim e ouço a voz rouca e calma dele recitando as poesias que hoje alegram todos ao meu redor. Isso me faz repensar por que meu Pai ainda esta lá na minha comunidade com o seu jeito de ser que muitas das vezes eu não valorizo como merece. Obrigada serviu para minha reflexão.
Realmente a história parece bem verídica, e como tal, um pouco triste; afinal, essa é a realidade de muita gente...
Muito bem escrito. Parabéns!
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