Saudades do Velho Sertanejo

Nasci e vivi na roça durante toda minha vida. Meu velho pai, peão e violeiro das antigas, me alegrava todas as noites com as modas de viola, as histórias e as poesias sertanejas que contagiavam todos ao seu redor.
Reuníamos com a vizinhança e passávamos o tempo, sob aquele céu estrelado e lindo, ouvindo nosso rouco sertanejo contando belas histórias sobre o sertão.
Por ordem do destino, certa manhã não pude sair para apanhar lenha com o meu pai, como fazíamos sempre, então ele foi só.
Esperávamos a lenha para o almoço, mas o velho poeta não chegava! Meu coração ficou apertado quando avistei um moleque da região correndo ao encontro da porteira do nosso rancho. Chamava-se Pedro.
Fui ao encontro dele para saber do que se tratava, mas antes de chegar ele deu a noticia à minha mãe, que estava lá fora. - Seu Severino foi chamado para morar lá no céu, disse o garoto. Nesse momento meu coração explodiu em dor. Disseram que aqueles que o encontraram caído na estrada, perto da fazenda dos Silva, fizeram de tudo para reanimá-lo, mas foi em vão. O velho Poeta não resistiu.
Desde então, fiquei de mal com Deus por ter levado o meu pai. Saí da escola e passei a cuidar de minha mãe e de meus dois irmãos mais novos. Vivi pra eles. Tornei-me um violeiro que assim como meu pai também fazia poesias e contava histórias. Ah,quantas saudades! Quando pego na viola, sinto-o pertinho de mim e ouço a voz rouca e calma dele recitando as poesias que hoje alegram todos ao meu redor.

Giseli Silva
Letras - Turma B

Imagem: Rafael Bogomoltz

5 comentários:

Unknown disse...

Bela e triste história. Mas muito bem escrita.
Parabéns!!

Abraços,

Sônia

tailah disse...

essa história parece ser bem verídica , muito emocionante boa escrita parabéns.

Susely disse...

Giseli, linda sua narrativa, apesar de muito triste. Mas, quanta verdade existe nestas poucas linhas.
Parabéns! Amei!

Bjkas
Suse

Unknown disse...


Gislei, parabéns pela escrita, como o personagem também convivi assim no campo quando você diz: Quando pego na viola, sinto-o pertinho de mim e ouço a voz rouca e calma dele recitando as poesias que hoje alegram todos ao meu redor. Isso me faz repensar por que meu Pai ainda esta lá na minha comunidade com o seu jeito de ser que muitas das vezes eu não valorizo como merece. Obrigada serviu para minha reflexão.

Keila disse...

Realmente a história parece bem verídica, e como tal, um pouco triste; afinal, essa é a realidade de muita gente...

Muito bem escrito. Parabéns!