Lendo e Escrevendo: Lembranças do passado

Lembranças do passado

Foi numa manhã de dezembro, sol escaldante. Os raios penetravam na pele e lá estava Júlia: dentro de um ônibus, indo para um velório. Júlia era uma mulher de rosto afilado, olhos verdes e grandes, de uma doçura encantadora. Fora casada por quase dez anos. Hoje goza muito bem de sua vida de solteira, seu ex-marido fora embora para o exterior e nunca mais voltou ou sequer deu notícias.

Ela estava apreensiva, afinal o falecido era o irmão de uma amiga muito querida. Porque, também, encontraria muitas pessoas conhecidas que fizeram parte de seu passado.

Chegando à sala onde a cerimônia era realizada, Júlia lamentou o ocorrido com os familiares, abraçou fraternalmente Clara, a amiga querida. Pouco depois, avistou um amigo de longas datas junto a outras pessoas presentes. Ele fora seu primeiro amor, aos quinze anos de idade. Amor nunca esquecido. Logo seu rosto se enrubesceu, suas mãos ficaram frias e trêmulas. Júlia tentou disfarçar, mas as emoções contidas dentro de si pareciam aflorar.

Os olhares, o aperto de mãos, a delicadeza no modo de tratar. Tudo isso só podia significar que algo ainda existia, entre eles.

Ficaram horas falando sobre tudo e todos. Inevitável não recordar os momentos do passado. Foi quando então, com um largo sorriso no rosto, ele lhe disse: - Saudades dos velhos tempos, Júlia. Eu jamais esqueci daquele beijo roubado debaixo de chuva.

Fátima Rodrigues

Letras - Turma B

Imagem: Psiu te amo

7 comentários:

tailah disse...: Que lindo fátima ,adorei parabéns.; 25/11/2012, 12:46
Elaine Lopes disse...: Uma bonita história de amor, só o reencontro que não foi num local muito agradável.
Eu já conheci um casal, pais de uma ex aluninha minha que se conheceram num velório. O amor é assim, quando ele vem, vem., né gente?; 25/11/2012, 14:53
Elaine Lopes disse...: Fatinha, eu li sua história e fiquei imaginando o seguinte: Tá todo mundo lá no velório se lamentando pelo morto com o coração apertado enquanto os dois pombinhos apaixonados, a donzela e o príncipe encantado dela com o coração em riso e festa! O amor é lindooo!!!!!!!!!!!!!!; 25/11/2012, 15:28
Susely disse...: Fátima, muito linda a tua história de amor, são reencontros assim que mexem com o coração da gente e como dizem, o primeiro amor jamais se esquece...

adorei!

bjkas
Su; 25/11/2012, 15:49
Unknown disse...: Não importa o lugar, o que vale são as boas lembranças, que levamos, tiram tudo o que possuímos de bens, porém nossas lembranças e amizade são intocáveis. Linda história parabéns!; 27/11/2012, 09:55
Keila disse...: Que romântico! E num lugar tão inusitado! Mas o que importa é o sentimento! Muito sensível a história! Parabéns!; 28/11/2012, 07:53
Unknown disse...: Gostei muito e também concordo que não importa o lugar. Encontros assim podem se dar em qualquer lugar e isso é muito bom!

Bonita história. Parabéns!!
Abraços,

Sônia; 29/11/2012, 16:10

Postar um comentário

Assinar: Postar comentários (Atom)

De tanto te pensar

De tanto te pensar, me veio a ilusão.
A mesma ilusão
Da égua que sorve a água pensando sorver a lua.
De te pensar me deito nas aguadas
E acredito luzir e estar atada
Ao fulgor do costado de um negro cavalo de cem luas.
De te sonhar, tenho nada,
Mas acredito em mim o ouro e o mundo.
De te amar, possuída de ossos e abismos
Acredito ter carne e vadiar

Ao redor dos teus cismos.
De nunca te tocar
Tocando os outros
Acredito ter mãos, acredito ter boca
Quando só tenho patas e focinho.
De muito desejar altura e eternidade
Me vem a fantasia de que Existo e Sou.
Quando sou nada: égua fantasmagórica
Sorvendo a lua n'água.

(Hilda Hilst)

Versos Íntimos

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

(Augusto dos Anjos)

Da importância das flores

Acredita-se que as flores fazem parte da nossa vida, visto que embelezam e tornam fascinante todo tipo de festa, principalmente de casamento.
Supõe-se que num evento a comunicação nem sempre precisa ser falada, pois um gesto por menor que seja pode dizer muito mais do que um discurso enfadonho. Por isso, quando escolhemos as flores para uma cerimônia de casamento devemos atentar para o significado de cada uma delas, a cor, o tamanho e a fragrância mais apropriada para expressar nossos sentimentos.
Aponta-se que a Margarida é símbolo da virgindade e a sua cor natural representa a inocência, pureza e paz; o Girassol representa a força positiva do sol, transmitindo calor, força e integridade. A sua cor representa felicidade, alegria, orgulho e amizade; a Rosa é considerada a mais romântica das flores simbolizando paixão eterna. A cor vermelha representa o amor, paixão, coragem e respeito; o Jasmim possui um perfume exótico significando sorte e alegria. É considerado o rei das flores devido ao seu perfume forte. A sua cor representa inocência e paz; e a Gérbera, com as suas cores vivas representa alegria, pureza e simplicidade.
Desta forma percebe-se que as flores, além de embelezarem o local servem de mensageiras, uma vez que por meio delas podemos dizer o que sentimos e transmitir aos convidados a importância deste momento para a nossa vida.
Afirma-se que para nos orientar na escolha das flores devemos procurar a ajuda de uma florista que entenda o que desejamos transmitir ou seguir um guia de arranjos florais, visto que as tendências atualmente abrangem um vasto leque de opções de flores brancas, tradicionais, tons pastéis, arranjos com tonalidades mais escuras ou de acordo com a estação.
Portanto, crê-se que as flores são imprescindíveis na decoração das festas de casamento, uma vez que elas podem representar os sentimentos mais variados, o que tornará a cerimônia mais encantadora e emocionante.

Sandra Lara
Letras - Turma A

O sumiço das orquídeas

No litoral sul de São Paulo, conta-se uma história engraçada a respeito do sumiço de mudas da flor orquídea. Essa região é uma reserva florestal e há nela ainda algumas poucas tribos indígenas que vivem no interior da mata atlântica. Uma ONG existe para ajudar a preservar toda essa natureza. Sua flora e sua fauna são patrimônios nacionais e portanto vivem em constante catalogação e rigoroso controle.

Mas em uma dessas expedições de vistoria, Maurício o presidente da ONG, notou a falta de mudas de orquídeas. Rapidamente foi chamado a polícia florestal e acionado o IBAMA. A varredura foi feita e suspeitaram de pessoas de dentro da própria ONG. Logo, uma pessoa foi presa e uma vez dentro da cadeia, não se sai, pois é crime inafiançável. Maurício não queria acreditar que pessoas de sua organização cometeram tal roubo. Foi-se muito comentado, e as pessoas acusadas entraram em uma luta para poder provar a sua inocência. A organização ficou desacreditada e diziam as más línguas do seu fim.

O caso foi levado para o tribunal e a dor de cabeça de Maurício só aumentava. Ele acreditava que havia algum engano, mas não encontrava uma maneira de provar.

Sentindo-se cansado e estressado, ele resolveu ir a praia esfriar a cabeça. Chegando lá, ele viu um aglomerado de turistas comprando algo de um ambulante. Curioso, ele se aproximou e para seu desespero ou total alívio, descobriu que o que estava sendo vendido eram as tais mudas de orquídea da reserva que ele tanto tentou preservar. Mas o detalhe mais perturbador foi constatar que quem vendia, era um índio da tribo que vivia na reserva! E, pior, ele era inimputável, não podia ser preso.

Nandara Carmassi
Letras – Turma A

A pensar

Ele era muito conhecido, tinha muitos amigos, seus familiares o admiravam, tinha uma fila de meninas se atirando aos seus pés, era muito bonito, porém o que ele gostava mesmo era de andar sozinho. Achava que sozinho conseguia pensar melhor. Roberto chegou à conclusão que quando se está acompanhado, as pessoas ficam falando e as ideias não fluem.
Adorava livros, pois o estimulavam. Músicas nem tanto. Filmes talvez, por se assemelharem mais aos livros, mas o que ele prezava mesmo era o silêncio. Roberto apreciava a boa companhia de si mesmo, em sua casa.
Nos tempos de faculdade, ele até saía, bebia com os amigos, mas não fumava, detestava cigarros. Ficava com várias meninas, porém havia uma em exceção: Rose. Ela estava longe de ser a menina mais bonita com quem ele já saiu, mas havia algo nela que o chamava atenção, que o encantava. Tinha os cabelos longos e escuros, o olhar penetrante, era imprevisível, inconstante, tinha personalidade. Também adorava ler, ver filmes e principalmente ouvir músicas dos Beatles.
Roberto estava apaixonado por ela, mas algo inesperado aconteceu, Rose foi embora. Partiu para a Indonésia sem se despedir de ninguém. Desde então, Roberto parou de beber, ficou mais calado ainda, os amigos o achavam estranho, ele não gostava de conversar com ninguém, gostava apenas de ficar quieto, em sua casa pensando em quem partira sem avisar para nunca mais voltar.

Nayara Araújo
Letras - Turma A

Por que não?

Suas mãos estavam suando, seus pensamentos embaralhados, precisava escrever, mas nada vinha à mente, além da pressão que a deixava mais confusa.

Havia incentivos, palavras de força, de coragem, mas nada, nenhuma ideia vinha à cabeça. Somente imagens e lembranças de pessoas que acreditavam nela e de outras querendo prejudicá-la.

Enfim chegou o momento, poucas horas para o fim do prazo que lhe fora dado, essa era sua última chance para entregar o texto que lhe assombrou por tantos dias.

Já era noite, na companhia de anjos algo surgiu e lhe clareou as ideias: escrever sobre o próprio medo. Por que não?

Fernanda
Letras - Turma A

Briga entre vizinhas

Antonia e Aparecida são as senhoras mais fofoqueiras da rua em que moro. Em uma tarde de sexta-feira as duas resolveram brigar e foi aquela discussão que parecia não ter fim. Só porque a Dona Antonia quis saber onde a Dona Aparecida tinha ido naquela tarde e o que ela havia feito.
Os vizinhos incomodados com aquela situação resolveram acionar a polícia que depois de algum tempo, e de muita conversa, conseguiu resolver a confusão causada pelas duas brigonas. Entretanto, quando os representantes da lei deram as costas, vejam só, as duas começaram tudo de novo.
O sol se pôs, a lua apareceu, as estrelas brilharam no céu, o sereno molhou as flores e lá estavam elas: a Dona Antonia e a Dona Aparecida brigando por causa de bobagem.

Adriana Portela
Letras – Turma B

Escadarias da Candelária

É o regime da vida ou regime brutal, contrastar com a vida trazendo o mal.
Entre todas as profissões, tem um haver, autoridades assinam onde poucos analisam.As polícias recebem ordens, que não são cumpridas, sem guia, imitam o regime da vida. A elite pisa na causa, mas nunca se irrita. Revolta do pobre condizente, vítima da vida ridícula. Tudo é normal, consequência moral. Umas rajadas de balas, referência mortal. Ao lado da escadaria da candelária em uma noite berrante, numa noite errante uns pequenos a morar. Será uma noite marcada por policiais a pecar. Infiel no trabalho, homens sem alma covardia fatal. Na miséria não enxerga, em vão os pequenos sem lar, mas no ar, ao luar, põem-se anjos a chorar. Os pequenos sem culpas, a sociedade banal. São poucos que querem ajudar, mas existe uma barreira a passar. A elite não vê, nem seguirá sentindo a culpa. O tempo irá isso apagar, os culpados onde estão?

Cleide Zambrano
Letras - Turma A

Divagando

Certo dia, eu conversava com uma amiga e falávamos a respeito da vida e de como viver intensamente. Então, lembrei-me de uma parábola que dizia que a vida é como uma peneira cheia d’água, e só permanece cheia se estiver dentro do rio. Como não tínhamos entendido a mensagem da parábola, começamos analisar cada frase. E foi aí que chegamos a uma conclusão: de que só se vive intensamente quando se deixa ser submergido pela vida, quando se vive cada momento como se fosse o último sem se atentar para os detalhes do hoje, do amanhã, do passado, do presente, porque para cada fração da nossa existência existe uma intensidade. Não basta querer buscar lá longe a felicidade de uma viva plena e completa se não começar a valorizar as coisas simples da vida que acontecem a cada instante.

Ana Caroline Lopes
Letras - Turma B

Daiane e Denise

Em uma escola, na cidade de Assis, no ano de 1994, estudavam as irmãs Daiane e Denise, irmãs gêmeas. Elas eram bem parecidas fisicamente, mas bem diferente na personalidade. Daiane sempre mais esperta passando sua irmã para trás, pois sabia o quanto Denise era dependente e sempre se calava diante das traquinagens que ela aprontava. Denise era meiga incapaz de magoar ou prejudicar Daiane, mesmo quando a outra a colocava em apuros.

Certo dia, após tocar o sinal da escola para o regresso dos alunos à sala de aula, Daiane resolveu sair da fila, junto de sua amiga Giovana, para beber água. Quando as duas voltavam a inspetora da escola, mais conhecida pelos alunos como sargentona viu-as, de uma certa distância, e foi aí que aconteceu a confusão.

A sargentona era uma bruxa para os alunos, era assustadora. As crianças morriam de medo só de olhar para ela. Então quando a sargentona se aproximou ao invés de levar Daiane para o castigo, acabou levando a Denise. Embora ela tivesse tentado explicar a confusão, inspetora nem deu ouvidos e acabou colocando Denise de castigo junto com Giovana e outros alunos moleques que sempre aprontavam. O lugar ficava na passagem das turmas, de maneira que todos faziam a maior graça com aqueles que estavam lá, sendo punidos.

Daiane passou e viu Denise, mas subiu para a sala sem falar nada. Deixou sua irmã de castigo em seu lugar. Foi só quando já estava para acabar a aula que ela resolveu explicar tudo à sargentona. A menina acabou levando a maior bronca e assinou o famoso e temido livro negro, que era temido por todos os alunos.

Por fim, Denise mais uma vez perdoa a irmã, mesmo sabendo que era questão de dias para que Daiane aprontasse novamente.

Denise Mendes

Letras - Turma B

Aconteceu em Birimicipiguaba

Era uma cidade pacata, cidadezinha do interior, lá para os lados do Sul; Birimicipiguaba. Dessas, conservadas pelo tempo, intocada, modesta, mas com uma preciosidade rara de se ver, pois ali, todo mundo se conhecia, qualquer fato ocorrido logo se alastrava como alarido em sua pequena população, porém todos eram muito unidos, como uma família só. Assim éra Birimicipiguaba, cúmplice de muitas histórias a retraida cidade, onde uma, que abalaria até suas estruturas estava por acontecer: a triste história de Clara que morreu de amor por Joseph. Do fruto desse relacionamento nasceu um filho que os manteve unidos ainda que separados, porque aquela era um história pura e verdadeira, capaz de enfrentar tudo, tempo, distância e vencer até a morte.

Bruna Oda
Letras - Turma A

Aposta

Foi durante uma noite fria dois amigos Pavão e Grigoletto, assim chamados porque ambos eram militares da aeronáutica, em meados de 2006, a noite estava longa para os dois, estavam cumprindo quarto de hora. Durante uma conversa, fizeram uma aposta, um de carro o outro de avião, durante uma noite de serviço dar uma arrancada na cabeceira da pista de decolagem dos aviões, ver quem conseguia primeiro chegar aos 300 km/h, nesta noite, ouviam The Cranberries - Dreams , e a música por incrível que pareça parecia ter algo a ver com a aposta, ou digamos, com a vontade dos dois. A noite estava longa e ao mesmo tempo gostosa porque o vento que ali transitava trazia um odor gostoso de uma flor camada de dama da noite. Nem ligavam para o único motivo deles ali, a segurança das aeronaves, empolgados com a decisão, que estavam querendo tomar em conversar com seu chefe ten. Augusto.
Logo pela manhã, eufóricos comentaram com o tenente, um jovem bem disposto a ouvir todos que iam conversar com ele, mas o chefe assustado com os dois parou, ficou sério e deu risada. Logo após, muito sério disse um NÃO, porque isso não tem cabimento, dizendo: - Senhores, vamos ser sinceros um ao outro, não acham que conseguem isso né?
Depois de conversarem com seu chefe, e saindo da sala dele frustrados; chegaram a uma conclusão: não vamos conseguir, mas se pelo menos conseguirmos voar e ver quanto tempo demora a um avião alcançar os 300km/h e depois comparamos. Assim foram conversar com S.O Bratikowiski, para tentar pelo menos uma hora de vôo e, de fato, conseguiram. Ficaram sabendo do resultado, só não souberam do tempo do carro porque nenhum deles tinha um automóvel tão potente pra saber. Ficaram satisfeitos com o vôo, e acharam que pelo fato de ter tentado já havia sido um começo.

Rodrigo Gricoletto
Letras – Turma B

Amor de Verão

Era uma tarde de verão, quando eles se conheceram. Dia dez de dezembro de 2001. Carla estava a passeio no litoral de Santos, fora para visitar os pais. Quando caminhava pela tarde no calçadão da praia, sentindo a brisa do mar bater em seu rosto, de repente esbarrou em um homem, que a deixou encantada, seu nome; Marcos,e incrivelmente ele também se encantou por ela.
Carla sentiu algo que há muito tempo não sentia. Marcos pede desculpas pelo encontrão acidental e logo fala: - Você é muito linda! Como se chama?
- Me chamo Carla.
- É um prazer, Carla, eu me chamo Marcos.
Por um instante sentiram que haviam nascido um para o outro. Deixaram-se envolver e viveram, naqueles dias, um tórrido amor. Com toda intensidade, em total plenitude. Pena que Marcos e Carla tinham projetos de vidas muito diferentes um do outro. O verão e as férias não duram para sempre. Carla, ainda que estivesse bastante encantada com Marcos, acabou retornando para São Paulo, para dar continuidade aos estudos. Marcos permanece no litoral com as doces lembranças de sua amada e dos momentos felizes e inspiradores que tinham compartilhado juntos.
Viveram uma paixão intensa. Amor de verão, desses que nos enchem de boas lembranças e nos fazem suspirar fundo quando estamos a sós.

Angélica Rosa
Letras - Turma A

Morrer

Ao debruçar-se no parapeito do lugar viu uma vez mais a linha do horizonte em todas as direções e pensou que nunca o nome “Terra” tivesse lhe assumido um significado tão real e verdadeiro como naquele instante. Pulou, estava livre, despojado de qualquer amarra, de qualquer dúvida que pudesse lhe segurar neste plano, nesta agonizante e fria concretude. O vento no rosto, o suor gelado nas mãos, o coração acelerado, a queda, o letreiro seis andares abaixo que se espatifou em dezenas de pedaços, atravessado pelo corpo monocromático sem asas. E de repente o baque e uma forte batida com a cabeça, e o gosto metálico de sangue na boca, e os sons que iam ficando cada vez mas distantes. Sentiu uma paz interior indescritível, um amor incondicional pelo rosto de alguém que corria em sua direção, e ainda teve tempo de ver o semáforo do cruzamento próximo acender a luz vermelha para fazer os carros parar. No alto, a abóbada de um céu azul que, pouco a pouco, foi se fragmentando em escuridão silenciosa.