O relógio marcava 11 horas e eu Rita, aluna do ginásio no Colégio Estadual Prof. Paula Santos,
aguardava ansiosa a chegada de uma pessoa, minha prima Izilda ,
hoje conhecida como Prof. Izilda.
Nossas vidas como estudante no ginásio,
era assim que se falava quando éramos jovens vale hoje para o fundamental, era muito interessante e as vezes até
cansativa, não para mim que morava na cidade
onde estudávamos , em Salto, mas para Izilda. Ela vinha de
trem que passava próximo á sua casa, na Fazenda Monte Serrate, saia por volta de 9.30 da manhã
sozinha com seus 10 anos de idade, eu a esperava
pois
minha casa ficava de frente à estação do trem e
nós íamos juntas para a escola, posso dizer que andávamos a pé por uns 7 ou 8 km.
enfim. Não estávamos na mesma sala, mas me lembro de
nossos recreios , desfiles do 7 de setembro, nossos uniformes, cadernos e livros tudo comprado com sacrifícios
por nossas famílias.
Minha mãe ( Tia Biga ) e a mãe da Izilda (
Tia Dalina ) eram duas guerreiras , as vezes ganhavam roupas
viravam no avesso e as transformavam em saias e camisas,
nossos uniformes, usávamos conga ou sapatos
vulcabrás para durar bastante.
Eu era uma aluna de notas sempre na
média, mas a Izilda brilhava em todas as matérias fechava
suas
notas antes do término do ano letivo.
Faço hoje um resgate de nossas lembranças
pois passamos 3 ou 4 anos estudando juntas, nossos professores eram os mesmos, Prof. Benito (matemática), D.
Liliam (português), Edson (ciências ), Rigolin (geografia) e outros que não me lembro mais os nomes, e também
as amigas; Glaucia, Eliana, Laura, Márcia, ahhhhhhhh...esqueci o resto.
Assim caminhando com o tempo, fomos para
o colegial cada uma seguiu seu caminho, seus
sonhos, já éramos adultas (18 anos ), mas não deixamos de nos ver,
em férias de trabalho e escola
estávamos sempre juntas no sítio onde moravam meus avos e meus tios
pais da Izilda.
A vida foi melhorando para nós
duas, eu em Salto e ela em Campinas, começamos a Faculdade,
eu na Faculdade de Filosofia de Itu e Izilda na PUC, já
namorávamos firme e optamos por casar e parar com os estudos, não era financeiramente viável, tivemos nossos
filhos, hoje já estão adultos.
Estou na Faculdade hoje para terminar o
que comecei ha 33 anos atrás, minha prima já se formou e da
aula na Faculdade que estudo, ela é minha inspiração ,
compartilhamos de uma boa amizade.
Descobri recentemente através de uma
sobrinha que mora na Inglaterra, que somos descendentes, bisnetas, do Barão do Café, da antiga Fazenda Monte Serrate,
hoje não existe mais, não quer dizer nada, mas para nós é bastante interessante, pois o mesmo trem
que levava o café colhido para o Porto de Santos, foi o mesmo que trouxe por muito tempo a Izilda para estudar
comigo em Salto.
Bem, não poderia recordar esses
momentos de minha vida sem lembrar de minha prima pois tenho certeza que ainda caminharemos muito tempo juntas, não mais com o
apito do trem da maria fumaça que passava na Fazenda, mas como educadoras que acreditam ser o ensino o
único caminho que leva a vencer desafios e obstáculos.
Argia Rita Aguirre
Um comentário:
Adorei o texto e as emoções passadas.Parabéns pela escrita.
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