Ah! Finalmente
chegou. Primeiro dia de aula. A escola é aqui pertinho de casa, ao final da
rua. Tanto tempo curiosa e agora saberei o que se esconde atrás daqueles
portões.
Eu posso ver seu
interior através da cerca aramada que a envolve, um grande prédio com muitas
janelas, uma quadra de esporte e principalmente muito verde, arvores gigantes e
flores, parece até um bosque encantado. Mas eu sei que têm muito mais lá
dentro, agora descobrirei o fantástico mundo do conhecimento.
Acordei bem
cedo, me arrumei toda linda. Mamãe preparou um bom café da manhã e fomos. Eu
ali caminhando ao lado dela, toda empolgada, sorriso de orelha a orelha,
tentava imaginar quão maravilhosa era a escola e tudo que ela estava disposta a
me ensinar.
A caminhada de
dois minutos parecera uma eternidade, aquela brisa da manhã balançava meus
cabelos e espalhava meu perfume por todo o caminho, eu estava me sentindo em
uma passarela.
Em frente ao
portão principal muitas crianças com seus pais aguardavam o sinal de entrada.
Quando ele finalmente tocou , entramos todos e fomos recebidos pela diretora,
pelas professoras e outros funcionários da escola. A diretora fez um belo discurso
de recepção. Depois disso me despedi da minha mãe e fui ao encontro da
professora que me chamou pelo nome completo.
Josefina. Jamais
esquecerei o nome da heroína, que dedicou sua vida a ensinar futuros heróis.
Carinhosamente
nos levou até a sala de aula. Fiz questão de sentar bem perto da porta, porque
em caso de imprevistos, sairia correndo rapidinho a procura de lugar seguro.
Ah! Não posso me
esquecer de todos aqueles coleguinhas novos misturados a outros já conhecidos.
Na hora do recreio fizemos a festa!
Porém, um
pequeno imprevisto aconteceu tempo depois de voltarmos do intervalo. De
repente, comecei a me sentir sufocada, queria ir embora, não sei por que, mas
não queria mais ficar ali, sentada naquela cadeira discretamente comecei a
chorar.
As lagrimas
desciam pelo meu rosto quando a professora Jô se aproximou da minha carteira.
- O que
aconteceu? Perguntou ela serenamente.
- Eu quero ir
pra casa, estou cansada. Respondi baixinho.
- Eu também
estou cansada.
Essas palavras
simples e aparentemente sem sentido, fizeram toda a diferença quando
acompanhadas do olhar lançado. Aquele olhar poderia ter posto fim a uma guerra.
Ele foi tão confortante que me senti abraçada, foi como se ela tivesse dito: -
Calma, vai ficar tudo bem, a aventura está só começando...
Antes que ela
pudesse soltar minhas mãos, eu sorri de volta, ainda com lagrimas nos olhos, só
que estas eram de gratidão.
Acalmei-me. Fui
pra casa, pensando na hora de voltar...
E
dezenove anos depois eu continuo a voltar à essa escola, só que agora, tento
ser para algum aluno o incentivo bom que aquela professora foi pra mim.
Katia Santos
Turma de Letras - Manhã
Nenhum comentário:
Postar um comentário